O setor industrial brasileiro é caracterizado por uma mescla de revoluções industriais, sendo constituído por indústrias de base que produz intermediários absorvidos por outras indústrias (transformação, intermediárias, bens de consumo). No Brasil, também, existem empresas que tem investido para ingressar na 4ª. revolução industrial (indústria 4.0), através da renovação de suas práticas industriais e aquisição e integração de novas tecnologias. Apesar dos esforços, a defasagem tecnológica e a prática sistêmica da tentativa e erro, utilizada por diferentes atores das cadeias produtivas, têm reduzido às chances de crescimento sustentável desse setor.

Obviamente, a baixa produtividade do setor industrial é uma resposta multifatorial, mas não temos dúvida que parte dessa ineficiência produtiva pode ser atribuída ao nosso modo de fazer coletivo. Ao executar as atividades, apoiadas na tentativa e erro, reduzimos a nossa produtividade e competitividade porque consumimos mais recursos e reservas naturais do que realmente são necessários. Falamos em sustentabilidade sem perceber que o nosso modo de fazer ou executar as nossas atividades é uma das maiores causas de desperdícios de recursos energéticos, hídricos e materiais. Isto impacta negativamente nas nossas reservas naturais. Uma consequência disto é que os custos dos materiais, produtos e bens de serviços se tornam condicionados às soluções únicas decorrentes das nossas atividades, executadas sem planejamento prévio. Desta forma, entregamos à sociedade as soluções singulares que prefixam os custos dos materiais, produtos e bens de serviços. Todavia, quando o cliente (físico ou jurídico) passa a ter acesso aos produtos importados e bens de serviços de países desenvolvidos perdemos mercado por falta de competitividade e, mesmo assim, não conseguimos modificar esse cenário desfavorável. Além disso, não é possível promover o crescimento industrial com as sobras temporárias e vulneráveis, ofertadas pelo mercado externo, seja pelas variações cambiais ou por erros estratégicos como a tentativa de comercializar produtos sem conhecer as necessidades locais. Precisamos nos tornar competitivos e com práticas sustentáveis para conquistar e participar cada vez mais do mercado global.

Contudo, falamos da problemática do setor industrial de diferentes maneiras, citando a inovação como uma saída, a necessidade de modificar as grades curriculares dos cursos de graduação, formação de recursos humanos especializados (pós-graduação), a manutenção de profissionais com experiência, adaptação e treinamento de diferentes profissionais em ambientes digitais, aprender a trabalhar em equipe e aplicação de metodologias (5S, 6 SIGMA, SWOT, TPM, Lean Manufacturing, dentre outras). Apesar dessas iniciativas serem importantes, mas o modo que as práticas industriais são executadas, pelos diferentes atores da cadeia produtiva, é o fator mais determinante. Precisamos desatar esse nó e aprender a tomar decisões, através da análise integrada dos dados, gerados pelos diferentes departamentos da empresa. A lógica ortogonal, combinada a Business Analytics, é uma das soluções mais eficiente para integrar toda empresa, através da modelagem preditiva.

Desta forma, a baixa produtividade não significa que trabalhamos pouco. Geralmente, trabalhamos muito mais para compensar nossa ineficiência. Ignoramos a necessidade de mudar a nossa forma de pensar, enxergar, planejar, fazer, analisar as múltiplas variáveis que nos cercam para atender quatro de necessidades mercadológicas: preço, desempenho, qualidade e sustentabilidade de nossas práticas. Além disso, desprezamos a necessidade de formar profissionais capazes de planejar estratégias de otimização para gerar cenários favoráveis ao desenvolvimento do setor industrial, já que não conscientizamos da necessidade de fazer isto. Quando entendemos a necessidade, não sabemos como fazer. Por essa razão, precisamos aprender e ensinar as atuais gerações e as futuras a planejar, matricialmente, as atividades empresariais com o objetivo de integrar as variáveis econômicas, técnicas, ocupacionais e ambientais, através a lógica ortogonal, e não tratar tais variáveis separadamente. Todavia, o senso de urgência do setor industrial contribui para gerar indicadores ainda piores, uma vez que, não conseguimos enxergar o principal fator que afeta a perda de produtividade e competividade. Na realidade, essa urgência subjetiva é uma tentativa inócua de recuperar o tempo perdido pela má qualidade das decisões apoiadas em soluções únicas. Apesar do cenário ser desfavorável, precisamos conscientizar da necessidade de promover tais mudanças apoiadas na interconexão das seguintes ações: ensinar as gerações atuais e futuras a enxergar as múltiplas variáveis, manipulá-las de forma integrada, matricialmente, a fim de planejar o que fazer, antes de fazer, até chegar a modelagem preditiva.

Em outras palavras, precisamos que a lógica ortogonal faça parte do raciocínio das novas gerações de profissionais e as utilizem, como abordagem de primeira escolha, para desenvolver materiais, produtos e processos. Já ouvimos algumas vezes a seguinte pergunta: O que o setor industrial precisa? Ele precisa de profissionais capazes de trabalhar com múltiplas variáveis, integrá-las matricialmente para fazer a modelagem preditiva com vistas à otimização dos processos industriais, materiais e produtos. Para entender a necessidade de mudar as nossas práticas atuais, precisamos reconhecer que não somos educados para planejar nossas ações, utilizando lógicas matriciais, para prover soluções ótimas e integradas. É esse tipo de conhecimento integrado que precisamos dominar para ir além, utilizando a estrutura matricial, analítica e preditiva proporcionada pela lógica ortogonal combinada ao Business Analytics.